Revendo Maria Bethânia em noite feliz e constatando que todas as coisas são belas no show ‘60 anos de carreira’

  • 14/09/2025
(Foto: Reprodução)
Maria Bethânia em cena no show '60 anos de carreira' na apresentação deste domingo, 14 de setembro, na casa Vivo Rio (RJ) Rodrigo Goffredo ♫ PRIMEIRA PESSOA DO SINGULAR ♬ Não resisti. Voltei à casa Vivo Rio na noite deste domingo, 14 de setembro, para rever o show em que Maria Bethânia celebra 60 anos de carreira, contados a partir da estreia da cantora no espetáculo Opinião em fevereiro de 1965. Da primeira vez em que assisti ao espetáculo, na estreia nacional da turnê em 6 de setembro, vi o show com a tensão e a ansiedade de querer registrar o maior número possível de informações e sensações sobre canto, repertório e arranjos para poder escrever a resenha publicada no dia seguinte aqui nesta coluna do g1. Hoje relaxei, curti o show sem a (apaixonante) inquietação profissional e concluí que assino embaixo de cada palavra escrita na crítica. O show 60 anos de carreira é um dos melhores espetáculos da trajetória da intérprete nos palcos. É um show para entendidos, como classificou um amigo de São Paulo (SP), com certa malícia, ao se inteirar do roteiro elaborado pela própria Bethânia. E que roteiro! Está tudo lá, mas não de forma óbvia, simplista, como fariam umas e outras. Assim como Ney Matogrosso, Maria Bethânia nunca fez show calcado em sucessos, mas em um conceito. Seria fácil para a cantora ganhar a plateia de cara com hits infalíveis como Olhos nos olhos (Chico Buarque, 1976), Explode coração (Gonzaguinha, 1978), Sonho meu (Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho, 1978) e Grito de alerta (Gonzaguinha, 1979). Mas que nada! Bethânia sempre vai pelo caminho mais difícil porque sabe que o séquito que a segue é exigente e inteligente. Constatei hoje, como no sábado retrasado, que Bethânia está feliz, relaxada, segura em cena (tanto que não está presa ao teleprompter). O show estreou redondo e ela sabe disso. Por isso, manteve o roteiro inalterado nas quatro primeiras apresentações do show 60 anos de carreira. E nem sempre foi assim ao longo desses 60 anos... Quando a artista percebe que um show chega à cena precisando de ajustes, e nesse momento me vem à cabeça o confuso show Tempo Tempo Tempo Tempo (2005) de 20 anos atrás, Bethânia vai mudando o roteiro ao longo da turnê até se dar por satisfeita – o que às vezes nunca acontece até a última apresentação do show. Maria Bethânia no show '60 anos de carreira' na casa Vivo Rio Rodrigo Goffredo O show 60 anos de carreira é o oásis de Bethânia. Pode-se questionar uma ou outra ausência no roteiro, como as de Adriana Calcanhotto e Waly Salomão (1943 – 2003), sem que isso ponha em dúvida a perfeição da costura fina, elegante e sincera do repertório. Eu fiquei particularmente impressionado com a alta qualidade das cinco músicas inéditas apresentadas por Bethânia no show. Balangandã (Paulo Dáfilin e Roque Ferreira, 2025) é samba perfeito para cantora feita na Bahia. A música de Chico César, Eu mais ela, vem em onda aliciante. O fado de Pedro Abrunhosa, Se não te vejo, também tem a mesma leveza sedutora, sem o peso normalmente associado ao gênero. Contudo, avaliando toda a safra de novidades, hoje cheguei novamente à conclusão de que as duas grandes joias dentro as cinco inéditas do roteiro são o poema ofertado por Rita Lee (1947 – 2003) a Bethânia – Palavras de Rita virou grande música com a melodia de Roberto de Carvalho, uma parceria de Rita & Roberto com a cara de Bethânia! – e Vera Cruz, o samba arrasta-povo de Xande de Pilares e Paulo César Feital. Afianço que o samba já é um hit nessas duas primeiras semanas de turnê. Enfim, saí da casa Vivo Rio hoje à noite com a certeza renovada de que Maria Bethânia é a maior voz viva do Brasil em 2025. E que esse show tem muito chão pela frente até porque há planos para que a turnê se estenda por 2026, abarcando os 80 anos de vida que a cantora festejará em 18 de junho. Parafraseando versos de Sete mil vezes, a canção do mano Caetano Veloso que está alocada na abertura do show e que até então somente havia sido cantada por Bethânia no álbum Alteza (1981) e no show Dadaya – As sete moradas (1989), rever o show 60 anos de carreira me proporcionou noite feliz em que todas as coisas foram belas. O show '60 anos de carreira' é o oásis de Maria Bethânia Rodrigo Goffredo

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/09/14/revendo-maria-bethania-em-noite-feliz-e-constatando-que-todas-as-coisas-sao-belas-no-show-60-anos-de-carreira.ghtml


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